O projeto é um volume cúbico cortado em dois pedaços, seguindo a lei dos corredores de cada nível, grandes janelas agrupam as menores, e uma fachada dupla sobre o térreo. Uma máscara feita para um programa com 42 células mínimas.
Vejo nas fotos de Masrampinyo* a marca inconsciente desse impulso que detém a arquitetura no momento em que é ainda um objeto de trabalho e que conserva a vibração do momento da fabricação.
Agrupar e dividir para ajustar sua escala e manipular o tamanho do edifício até fazer com que pareça mais íntimo do que é. Uma casa de casas situada na esquina de um terreno localizado nos arredores da cidade.
Tijolos cor de bronze, marcos metálicos negros que mantem à tona essa pele e mostra o interior branco em seus nichos.
* Comecei com a “Architectural Association Press” (Impressa do colégio de Arquitetos), fui até Lewerents e cheguei a Masrampinyo. Tinha um livro de 1989 em Sigurd Lewerentz 1885-1975, “O dilema do classicismo”, publicado pela “Architectural Press Association”, com uma imagem fascinante de um fragmento de parede de uma das igrejas de Lewerents na capa, feita com papel de lixa. O livro tinha uma textura negra e áspera, desagradável ao tato, mas incrivelmente bela, apoiado sobre o branco da mesa da biblioteca onde o vi pela primeira vez: papel mineral como as paredes de San Marcos e San Pedro.
Os dois primeiros livros feitos à mão, escritos por Peter e Alison Smithson, com imagens de Lewerentz aparecendo à esquerda, fumando e começando a falar, chamam-se “Os arquitetos silenciosos”. Desde essa sociedade tranquila com membros como Pikionis, Melkinov, Eames Architects, Coderch, Max Bill, Ralph Erskine, entre outros, me pergunto o que teria acontecido se o artigo tivesse sido escrito depois de 1989.
“Arquitetos tranquilos, edifícios tranquilos, papel de lixa.”
É o teto de papel de lixa evocador como um eco das texturas das argamassas das igrejas? Ou é especulativo, porque espera uma aventura dessa arquitetura tranquila, que acaba sendo bastante áspera e sem etiqueta? É difícil de tragar, como um pouco de álcool? Ou se usa o papel de lixa porque o livro quer dizer que Lewerentz é o arquiteto que tenta suavizar a arquitetura moderna e eliminar os aspectos precipitados e brutais dos protótipos nascidos para alcançar dos objetos pálidos?
Porém, ao mesmo tempo -exceto o ultimo tratamento, talvez por que não queriam que o acabamento que pertence à família de objetos com um corte limpo e polido, que perdeu o calor da manipulação- creio que Smithson descobre este guia no caminho desses arquitetos, e com eles, retrata de uma forma diferente a arquitetura contemporânea.
Tudo isso leva a isso: esse teto áspero acabou dando o tema da primeira maquete para o concurso de pequenos edifícios de habitação previstos para jovens no bairro de Masrampinyo, em Montcada i Reixac.